quinta-feira, 28 de maio de 2009

Teatros Diários

Vida imaginada
Por uma mente abstracta
Onde pessoas riem, comemoram e dançam
Delas não se sabe nada
A não ser a verdade administrada
Nas suas mentes elaboradas

Agem como marionetas
Sem saber em que sentido ou direcção vão
Seguram com força a máscara do teatro grego
que lhes foi oferecida sem pagar um tostão

Nelas vejo simpatia,
Simpatia para com aqueles com quem dialogam

Nelas vejo paixão,
Paixão cedida àqueles que admiram

Nelas vejo sobretudo Hipocrisia,
Que está inserida em tudo o que fazem ou não.

Fazem do Mundo um extenso palco,
Cheio de belos efeitos e muitas iluminações
Todos tendo bastidores dentro de cada um
Uns onde só vivem ratos, outros onde só estão recordações

Uns bastidores escuros
Onde o que sobram são meras lâmpadas sem utilização
Efeitos de cenário estragados
E pó de arroz utilizado em tempos para ficar com uma cara mais bela

No meu bastidor vivo eu
Sedento de entender essa coisa que chamam vida

Esse teatro não assumido
Essa hipocrisia vivida pelos que pensam saber o que fazem

Nessa hipocrisia eu procuro-me
Procuro o meu papel
As minhas falas
As didascálias escritas que influenciam o meu desempenho
Procuro-me em todas as personagens

E com a maior dor interior,
Encontro-me
Lá atrás
Vestido de alguém que não sou
A gritar aos outros o que não quero que oiçam
Perco me nas palavras
E saio derrotado
Como um luta desigual
Onde o resultado seria algo banal

Mal ouvido e mal-interpretado
Sou escorraçado
E deixado numa valeta
Onde todos passam
E para não darem uma "pequena gorjeta"
Viram a cara de propósito

Para eu nao ver aqueles olhos
Que querem ficar com tudo o que pensam ser pouco
E em nada largar o que na realidade é demasiado

O tempo passa e a minha personagem
Percebe que ou morre ou se torna um marginal
A barba concebida através da maquilhagem começa a surgir
As roupas rasgadas por alguém atrás da personagem
Reflectem a ideia de pobreza

E uma escolha tem de ser tomada por este homem
Marginalidade ou Morte por falta de Arte

Em nada este homem seria bom:
Arte de Argumentar - perdia sempre por falar demais ou por não falar
Arte de Pensar - o pior pensador é aquele que pensa saber
Arte de Roubar - se o Mundo fosse um Homem ele era bom, mas roubar à Natureza ar nunca foi crime.

Esta é a triste de história da minha personagem.
Um homem que morre mendigo.

Agora permaneço aqui atrás
Sozinho entre estas lâmpadas velhas
A escrever mais histórias sobre mim.

Inspirado por autores que nunca estarei com eles
Rezando aos deuses que podem não existir
Atendendo aos Homens que podem ser pouco mais que sonhos a uma escala superior.

Mas um dia,
Todas as máscaras se irão partir quando chegarem ao chão
E este Mundo vai ser visto com outros olhos.

Os verdadeiros olhos de cada um!

HH - Tornar os olhos mais verdadeiros é muito mais que comer cenouras.