sexta-feira, 18 de abril de 2008

6º conto - O Coração do Diabo

Dezembro de 2001

Gabriel.
Um rapaz de 18 anos, estatura média, bonito, com muito estilo e a maior calma do mundo.

Vivia a sua vida sempre com calma.
Possuía capacidades de acalmar qualquer um, apenas com as suas energias.
Concentrava-se e passando a mão pelo corpo das pessoas, conseguia acalmá-las.

Vivia feliz. Mas dum momento para o outro a sua vida ficou virada do avesso.
A mãe morreu duma doença que nem sabia que tinha e o pai tornou-se um alcoólico.
Ele, que até estes acontecimentos era um aluno extraordinário, com a sua meta de atingir a medicina e salvar vidas, viu todas as suas notas baixarem a um ritmo alucinante.
Ao mesmo tempo que estes problemas aconteciam, mais um apareceu:
A rapariga com que namorava á 3 anos, disse-lhe que ele era um falhado e que não sabia fazer nada de diferente.

Ele sentia-se revoltado, não entendia a forma como as pessoas reagiam quando ele mais precisava de apoio.
Estava realmente mal.

Deixou de ir á escola, para ele aprender era algo que já não era necessário.
Começou a andar cada vez mais sozinho ou então na companhia de supostos «gatunos», que a sua mãe dizia tanto para ele não andar.

Com eles começou a sentir novas sensações. Começou a fumar umas «brokas».
E a foi-se tornando cada vez mais dependente.
O vício aumentava, ele já não conseguia controlar.
Começou a injectar Cocaína.
Os amigos que o tinham introduzido neste mundo, já tinham destinos muito diferente dos dele.
Um dos seus amigos estava numa clinica de reabilitação paga pelos pais. Outros 2 morreram de formas trágicas.
E os outros andavam por aí a roubar.

Quando os pais de Gabriel morreram, deixaram-lhe uma grande quantia para gastar, portanto a necessidade de roubar não era nenhuma.
Ele dizia sempre para consigo, com a sua calma: «Mais tarde ou mais cedo o dinheiro acabará. Quando isso acontecer mato-me ou vendo a Alma ao Diabo.»

E lá seguia a sua vida de drogado.
7 anos depois, o rapaz que em tempos era bonito, estava um imundo. O seu cheiro nauseabundo, provocava nas pessoas que passavam por ele, a sustenção da respiração.
Tinha arranjado umas roupas num caixote do lixo, de forma a poupar mais dinheiro para o vício.
As suas veias já tinham inúmeras "buracos", provocados todos os dias por agulhas que ele encontrava no chão pertencentes a outros drogados.
A sua cara parecia dum velho de 70 anos com uma doença terminal, pois tinha a pele velha e gasta devido ao consumo da «coca».

Este Gabriel não era o mesmo. O Gabriel bonito e com estilo, estava num homem que metia medo.
E desta forma o tempo foi passando.

E dia 22 de Dezembro deste mesmo ano, foi o dia em que tudo terminou.
Nem ele sabia como tinha conseguido durar tanto tempo todo o dinheiro.
Mas muito provavelmente devia-se ao facto de ele estar cheio de dividas com diferentes bancos.

Neste dia, ele pensou:
- É hoje... Eu tinha dito para comigo que quando o dinheiro terminasse me iria suicidar ou dava a minha alma ao Diabo. E visto que o Diabo não me contactou... só me resta a 1ª opção.

Nisto foi a casa.
A casa que em tempos era tão bonita, cheia de promenores e com uma decoração sempre bastante actual feita pela sua mãe, era agora uma porcaria nojenta.

Num quarto que ficava á direita da porta, estava uma parede com a pintura desmaiada.
Notava-se que essa parede já tinha levado alguns socos, talvez a revolta de Gabriel e o chão estava coberto por seringas usadas.
Á esquerda ficava uma casa-de-banho, mas uma casa-de-banho também muito estragada.
Não havia água pois Gabriel nunca mais a pagou. E todos os espelhos estavam partidos.
Mais á frente existia uma grande cozinha.
Onde se encontrava uma mesa com azulejos partidos, e cadeiras com pernas partidas (provavelmente actos de revolta também).
Todos os electrodomésticos tinham sido vendidos.
Nada havia já naquela casa a não ser pó e teias de aranha.
Mas aranhas, nem vê-las, já nem este bicho tão amigo da "porcaria" aguentava estar naquela casa.

Gabriel foi ao quarto dos pais. Era a única divisão que tinha a porta fechada.
Desde a morte do seu pai, que se suicidou após saber o estado de saúde do filho, não tinha aberto a porta daquele quarto.
Quando tocou na maçaneta para abrir a porta, sentiu que tinha de fazer muita força.
A maçaneta não dava.
A calma que ele em tempos teve. Era neste momento utilizada em berros.
Gritava contra a porta e dava-lhe pontapés.
Estava fora do controlo. E com um pontapé fortissimo partiu a porta.
Que assim já consegui passar por ela.
Devido ao consumo de drogas, já não conseguia controlar estes ataques de fúria, mas desfalecia, pois já não tinha forças nenhumas para actos deste género.

Dentro daquele quarto tudo parecia inalterado.
Uma garrafa de whisky permanecia na mesa de cabeceira do seu pai com um copo ao lado que continha gotas de água (que em tempos teriam sido grandes cubos de gelo).
O pó estava acumulado nos móveis.
Enquanto Gabriel passava pelas fotografias lembrava-se de coisas antigas.
Até que pegou numa foto da mãe. E lembrou-se:
Num dia quando ainda era criança, de a mãe lhe explicar. O porquê de não querer que ele andasse com amigos que ela não gostava.

...
- Mãe! Deixa-me ir para a rua com eles!
- Não...
- Vá-lá!!
- Já te disse que não.
- 'Tão dá-me uma boa explicação para eu não ir.
Nisto a mãe baixou-se e olhou aquele Gabriel pequenino de 8 anos com um doce olhar vindo daqueles olhos negros. E disse:
- Eles só se querem servir de ti. Na tua vida passarás por muitas experiências destas. A maioria das pessoas usar-te-á durante um tempo e quando não se quiserem divertir mais contigo deixam-te mal.
- Mãe... Eu tenho só 8 anos...
- Eu sei. É por isso que não me entendes.
- És sempre a mesma coisa.
- Pois. Eu sei. Mas um dia uma lágrima vai escorrer nesse rosto, quando perceberes que não tens ninguém a tentar proteger-te.
- Preferia não ter.
- Mas irás ter sempre.
Nisto o filho pequeno ainda foi para o quarto e uma lágrima escorregou no rosto desta pura mãe.
...

Hoje, Gabriel percebia tudo isto.
A mãe só lhe queria o bem.
E foi graças a ela que ele sempre foi certinho e sabia com quem andava.

Neste momento Gabriel olhando para a fotografia.
Atirou-a para chão, partindo o vidro da moldura pelo meio.
E deitou-se no chão a chorar.
No meio das lágrimas perguntava ao Céu como que questionando a mãe que estava lá em cima.
- Porquê? Disseste que ias estar lá sempre! E onde te metes-te? Onde? Tornei-me nesta merda, e tu não me salvas-te! A culpa é minha! Eu sei! Mas se disseste que estavas cá sempre, porque não me ajudas-te?

Nisto dirigiu-se á mesa de cabeceira do pai.
Abriu as gavetas, e naquele conjunto de boxers mal dobrados e meias descozidas procurava algo.
Procurou e procurou, mas não encontrou.
Dirigiu-se á cómoda e continuou a procurar.
Ele sabia que o que procurava estava ali.
Mas também não era na cómoda. Aí foi em direcção á mesa de cabeceira da mãe e também não encontrou nada. Já estava muito irritado. E começou a pensar onde estaria.
«Mas onde é que pode estar?»

Aí lembrou-se da cama.
E baixou-se como que na esperança de encontrar aquilo que queria. E lá estava debaixo da cama uma caixa de sapatos.
Pegou na caixa e abriu-a.
Ele sabia que aquela caixa tinha de ter o que queria.
Quando abriu viu dois sapatos, muito direitinhos com um papel a dizer:

Sapatos para casos de emergência

Gabriel conhecia o seu pai e sabia que aquilo não eram sapatos para casos de emergência.
Então tirou os sapatos da caixa e amandou-os para um canto.
Olhava fixamente para a caixa.
E dizia para ele "Só pode estar aqui!" Analisou a caixa e percebeu.
Isto tem uma parte falsa.
Na realidade o pai tinha colocado um cartão como que para criar um espaço vazio entre o fundo da caixa e um outro fundo falso. Entre estes dois funos encontrava-se o que Gabriel tanto queria...

A arma da família, uma Colt antiga com uma bala ao lado.
Nisto ele pega na arma e coloca nela a bala que tinha.
E decide jogar á "roleta russa". E testar a sua sorte.

Olhou para a rua pela janela daquele quarto e disse bem alto:
- Quando morrer, posso dar tudo ao Diabo!

Pega na arma e coloca as balas.
Este jogo era demasiado esquesito para uma hora destas. Mas ele lá começou.

Ele não sabia bem para onde apontar o cano.
Mas lá decidiu que no coração era o melhor sitiu.

Girou o tambor e começou a suar. Podia ser o seu fim agora.
E click!

Um estalido.
Nada de sangue.

Decidiu jogar outra vez.
E girando o tambor com medo da morte premiu de novo o gatilho.

E click!
Olhou para o chão e não via sangue.
Olhou para o tecto daquele quarto que nunca tinha olhado em detalhe e parecia ver escrito no tecto:

Não sejas parvo... A mãe ajuda-te, mas por favor não te mates.

Ele sabia que não passava de uma alucinação como tantas outras produzidas pela «coca».

E nisto girou o tambor outra vez.

Era esta a 3ª tentativa.

O tambor rolava a grande velocidade enquanto ele pensava: "Duvido que me safe."

Inspirou fundo.
E...

Truz-Truz

Alguém decide bater á porta.
Gabriel sem se questionar, foi até á porta e abriu-a lentamente.
E pergunta num tom alto com a arma na mão.

- Que quer você? Quer morrer?

Ao que o velho que tinha batido á porta, todo vestido de preto e com um olhar ameaçador disse apenas:

- Prefiro viver.

Num grito, Gabriel respondeu:
- DEVES QUERER É UM TIRO NA BOCA! Baza daqui!
- Tu não entendes...
- Já me 'tou a passar contigo se não bazas já daqui dou-te um tiro!
Nisto o velho dirige-se a ele.
E diz com uma voz leve.
- Matas-me com o quê?

Gabriel irritado, aponta a arma ao velho e dispara.
Mas nada sucedeu.
Nisto abre o tambor da arma e repara que nela não havia nenhuma bala.

- Como é possivel? - perguntava ele a tremer.

- És mesmo estupido... Olha para trás.

Gabriel olha para trás... E via um rasto de sangue desde o quarto dos seus pais até ele.
Neste momento olha para o seu coração e viu sangue na sua camisa suja.

Volta a olhar para o velho e pergunta:
- Como é que isto é possivel? Quem é você? Se eu levei um tiro no coração como é que 'tou a falar?

- Simples. Acho que em 4 palavras eu consigo responder-lhe: Eu-Sou-O-Diabo.

- O quê?!
- Sim. Você já morreu. E eu estou aqui para ficar com o que é seu.
- Mas você é um velho. Onde estão os cornos? A forquilha? Aquelas coisas das obras de arte?
- Bah. Você é mesmo estúpido. Não vê que isso é uma forma de as pessoas sentirem medo do diabo. Achas que se pensassem no diabo com um velho como eu, alguém tinha medo? O Diabo anda sempre por aí, sempre... Só que parecemos pobres coitados e analisamos esse mundo, para ver com que corpo é que valerá a pena ficar.
- E o que quer você de mim?

- Deixa-me lá pensar... Não sei se me lembro. Deixe-me ver aqui no meu bloco de notas. AH! Já me lembro queria tudo. Já!

- Tudo? - perguntou Gabriel sem perceber nada.
- Sim, tudo.
- Como é que vai fazer isso?
- Simples. Vou tirar o meu coração e mete-lo no seu corpo.

- Eu devo 'tar a sonhar.
- Se você acha.
Nisto o velho abriu o seu casaco preto e abriu a sua camisa vermelha.
No seu peito viam-se várias feridas em torno do coração.
Notava-se que aquele sitiu tinha sido aberto várias vezes. E num gesto horrendo, com uma faca que tinha no bolso. Cortou o seu peito.
Era impossivel abrir o peito assim, mas aquela faca era diferente. Parecia que só o facto de olharmos para ela, nos cortava parte da visão.

E assim o velho tirou o coração. Tinha neste momento um orgão preto, na sua mão nojenta e esse orgão já nem batia, estava parado. E chegando perto de Gabriel agarrou-o pela camisa e com a mesma faca fez-lhe um corte, após este corte com a outra mão enfiou lá o seu coração.

Do nada, tudo pareceu dar uma volta.

E quando o Diabo deu por si, estava ele com um velho á frente, morto, que em tempos tinha sido o seu corpo. E ele do lado de fora da porta com um olhar ameaçador dum demónio, mas com um corpo mais novo.

Ao fechar aquela porta. Lembrou-se que das 1ªs coisas a fazer era cuidar da imagem.
Aquele aspecto sujo não seria bom.
E bateu á porta duma vizinha, daquele mesmo prédio e pediu-lhe com um olhar muito triste que o deixasse tomar um banho e que lhe desse comida e roupas.

Essa vizinha era muito velhinha e lá deixou.
O Diabo tomou um banho. E quando ia a sair decidiu assustar a velha. Pegando na faca que tinha com a capacidade de cortar tudo e lá apreceu á velha todo nú.
Chegou ao pé da velha que se encontrava na cozinha.
E pegando numa panela disse:
- Eu sou um monstro! Corto tudo o que vejo.

Cortou a panela como uma folha de papel fazendo um olhar maléfico, como um vampiro com sede de sangue.
A velha ficou aterrorizada.
E o Diabo virou-se para ela, agora parecendo mais novo, pois o corpo parecia que ia ficando cada vez melhor. E gritou:

- Se não quiseres que a tua cabeça passe por esta faca, dá-me tudo o que é teu.

A pobre senhora não tentou resistir e lá lhe deu tudo o que tinha. Após o Diabo ter tudo na mão, perguntou-lhe se ela tinha mais alguma coisa.
Ao que a velha com muito medo disse que não.
Nisto, com um olhar de desprezo, o Diabo disse:
- Então vai lá ao céu, que eles precisam de ti.
E numa facada cortou a cabeça da pobre mulher.

Quando chegou á rua já estava jovem. Tinha a pele esticada como um rapaz de 20 anos. Sem qualquer vestigiu de droga no corpo dele. E lá tentou seguir uma vida aparentemente normal.

Com o dinheiro que tinha (que era muito, porque embora velha, a pobre mulher era bastante rica) abriu um café.

Um café que servia como casa para ele, pois não tinha onde dormir.
Naquele café viu muita gente.
Mas olhava para as pessoas e na mente de demónio que tinha.
Pensava como seriam aquelas cabeças cortadas sobre travessas.

E mais pensamentos deste género eram recorrentes naquela mente demoníaca.

Até que um dia.
Sara, uma jovem de 20 e poucos anos, entra naquele café.
Entra a correr e diz:
- Por favor um copo de água! Não me estou a sentir bem!
Com um olhar de superioridade, o Diabo pensou «vamos ver o que acontece». Mas estava muita gente no café, ele não podia deixar a rapariga naquele estado. E quando foi para lhe dar um copo de água.
Ela cai ao chão.

Ele olhava para ela e pensava: «Não era suposto isto acontecer».
Nisto as pessoas diziam que alguém tinha de ir com ela para o hospital.
O Diabo lembrou-se de chamar uma ambulância e fechar o café para ir com a rapariga.
E lá foi.

No hospital teve oportunidade de falar com Sara, pois Sara queria muito agradecer-lhe. Sara era tão simpática que nem o Diabo conseguia ser mau para ela.
Nas semanas seguintes todos os dias Sara passava por aquele café para falar com Gabriel (assim se tinha apresentado o Diabo).
Ela começou a gostar do Diabo até que um dia lhe pediu para irem dar uma volta e o Diabo recusou dizendo que precisava de arrumar o café.
E ela então insistiu em ficar com ele.
O Diabo aceitou e ficaram pelo café.
Até que após o Diabo terminar de arrumar aquele café, Sara fecha a porta à chave e fica trancada naquele espaço com o Diabo.

O Diabo disse-lhe que era melhor ela abrir a porta.
Mas ela não quis e disse ao Diabo:
- Porque é que tu me rejeitas? Não percebes que eu quero ficar sozinha contigo?
Ao que ele responde:
- Não irias querer nada comigo. O meu passado é muito confuso de explicar.
- Eu sou inteligente, percebo tudo. Por favor! - disse suplicando - Ama-me!
- Eu serei hipócrita se aceita-se essa tua indirecta para termos sexo neste espaço pequeno...
- Eu amo a Hipocrisia!

Tiveram então uma noite escaldante. Nunca Sara tinha tido experiências tão quentes e no final perguntou-lhe:
- Tu vens do Inferno?
- Venho.
- Gosto da tua forma de contar piadas, parecem verdades inquestionáveis.

Nisto o Diabo virou-se para Sara.
- Achas que não sou o Diabo? Que queres que te faça para te provar?
- Que cortes um dedo.
- ... Cortar um dedo?
- Sim. Se cortares eu acredito. - disse ela rindo.

Nisto o Diabo pega na sua faca que estava perto. E corta o seu dedo. Não saltou sangue nem escorreu. Apenas um liquido preto aparecia no dedo cortado.

- Tu és doido.- disse ela assustada.
- Eu disse que era o Diabo. Não acreditaste...

Neste instante o seu olhar mudou completamente. E umas labaredas surgiam naquele olhar com sede de sangue.

Assustada Sara dizia:
- Tu não és o Gabriel... Não me faças mal.

Logo a seguir o Diabo cortou a cabeça de Sara e ficou olhar para a faca que desta vez tinha deixado Sangue vermelho na fina lâmina, após isto olha para o chão e via a cabeça de Sara rolar. Naquela cabeça notavam-se uns olhos tristes, como não acreditando na última coisa que viam.
O Diabo voltando a si. Sentiu-se triste.
Começou a chorar, nunca antes o tinha feito. Questionando: « Eu não devia estar triste, sou o Mal!»

Nisto pegou na sua faca e arrancou o seu coração.
Aquele orgão que já nem batia foi atirado com força para a bancada do café e o Diabo. Com força pegou na faca, que tudo cortava, e cortou aquele orgão.

Até hoje, nada se sabe deste Homem.
Apenas pessoas contam histórias sobre um homem que tirou o coração mas ninguem sabe de nada.
A policia encontrou 4 corpos nas semanas seguintes, mas não conseguiu explicar as mortes.
Encontraram o corpo de um velho que nunca teve nome, duma velha chamada Maria Runa.
E num café encontraram o corpo de Sara Rodrigues e Gabriel Mateus.

A PJ uniu esforços para perceber todas estas mortes macabras. Mas até hoje nada foi concluido.


Fim

HH - porque até o Diabo sofre de Coração...

PS - a história é um puro conto^^ nada é real^^ Mas eu acredito que o Amor vencerá o Diabo (se voces acreditarem no Diabo, é claro)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

5º Conto - Um Deficiente Perfeito

Tudo começa num planeta, mais especificamente, o nosso planeta.
Aquele onde 90% das histórias começam. Aquele em que todas as histórias começam. Um planeta tão simples. Mas por vezes tão mal tratado...

Irreal.
Era assim que Ele classificava esta bola que nem chega a ser redonda, que temos de pisar todos os dias.

Ele pensava em tudo, mas quanto mais respostas tinha, mais perguntas surgiam.
Era a pessoa que mais questionava. Todos os dias arranjava uma pergunta nova.
Perguntava o porquê de as pessoas se chatiarem por Amor, o porque de se ficar triste quando se tem uma nota má, o porque da forma como as pessoas falam umas com as outras e a forma como se relacionavam.

Era conhecido por não ter sentimentos. Nada lhe fazia confusão, achava tudo normal e tentava explicar o mundo com a lógica. Com a Causalidade. Para Ele o Mundo era um extenso dominó, onde todas as peças estão de pé. E quando há uma vibração na mesa.
Todas caiem umas a seguir ás outras.

Mas as pessoas diziam-lhe que não se devia pensar assim. Ele não gostava de ser contrariado, e embora a quantidade de perguntas que ele fazia, era simples pará-lo. Dizer-lhe um "CALA-TE, que já não te posso ouvir." Chegava para ele parar. Mas todos sabiam que um dia, ele iria perguntar o porquê do "não te posso ouvir."

Até que um dia, ele ia a passar pela rua muito bem com os seus amigos.
Riam, das piadas que Ele dizia. Pois ele tinha um sentido de humor em que sarcasmos ditos através daqueles dentes, eram gargalhadas garantidas.

Riam tanto, algumas amigas contraiam-se de tanto rir e até já havia uma que chorava.

Ele estava com uma cara de quem não sabe o que está a fazer, porque não percebia o motivo de tanto graça.

Nisto, passam pelo meio duma estrada.
Quando ainda estavam a esgotar os últimos soluços e gargalhadas, ouve-se um camião a passar.

Ele estava no meio da estrada e parecia distraído, uma rapariga gritou. Mas Ele estava a pensar em algo.

As pessoas não criam acreditar no que estavam a ver. Como era possível, alguém não sentir um camião?
Bruno, um dos rapazes que estava no grupo de amigos. Foi o único que conseguiu reagir.
Enquanto gritava, corria para empurrar o amigo.

Tudo isto parecia acontecer numa velocidade lenta.
Ele a olhar para o chão a pensar, o camião a dirigir-se e Bruno a correr em direcção ao amigo que podia perder.

Algumas amigas viraram a cara como que na esperança de não ver nada que as choca-se.
Nisto ouve-se o barulho de um pescoço partir.
Sangue. Gritos. Lágrimas. Ninguém percebia o que tinha acontecido, mas tanto sangue só significava uma coisa.
Um deles morreu.

Todos pensaram ser Ele. Afinal ele estava na estrada.
Mas será que o Bruno está bem?

Nisto já se tinham chamado as ambulâncias, quando os amigos ganharam coragem.
Foram espreitar.
E viram dois corpos no chão.
Sangue nos dois.
E ambos pareciam inconscientes.

Nisto uma das raparigas pertencente ao grupo, a Sofia perguntava informações sobre o que tinha acontecido, mas ninguém conseguia dizer nada.

Então nisto todos os amigos foram para o Hospital.

Ficaram lá até muito tarde e parecia que não havia informações.
Uma enorme tortura, era feita a estes amigos, que queriam saber pelo menos se alguém está bem.

Até que um médico com um ar triste, disse para o grupo de amigos:
- Tenho muita pena mas... - hesitava como que a deixar o grupo adivinhar o que viria a seguir na sua frase. - O Bruno Morreu.

Nisto os amigos sentaram-se todos em conjunto, as mais sensíveis começaram logo a chorar gritando as tipicas frases "Porquê?", "Ele era tão novo!", "Deus não existe!", "Isto é uma injustiça!".

Nisto a Sofia (uma das mais fortes emocionalmente do grupo) perguntou ao médico qual era o estado de saúde de Ele, afinal ninguém tinha dado informações a esse respeito.

Nisto o médico, ficando também ele perturbado com o facto de dar só más noticias a um grupo de jovens tão simpáticos, disse:
- Também tentámos muito, mas pelo que nos parece Ele vai ficar preso a uma cadeira de rodas para o resto da vida. - Novo choro em coro, parecia que num só dia que tinha sido tão divertido, em que o grupo andou sempre junto, se tornava num pesadelo infernal.
E o médico continuava mesmo sabendo que não estava a ser ouvido:
- A roda passou-lhe por cima da espinal medula e parte do corpo está imobilizada. Em príncipio nunca mais poderá mexer as pernas.

O Mundo estava virado do avesso para estes jovens... Um amigo morto e outro numa cadeira de rodas para o resto da vida.

Há dias que o simples facto de nos levantarmos da cama, é um feito cheio de Terror.

No dia a seguir todos vestidos de cores escuras foram visitar o único sobrevivente.
Lá estava Ele, ainda sem saber bem o que tinha acontecido.
E perguntou o que se passou.

Sofia chegou ao pé dele e perguntou-lhe:
- Que te lembras tu?
Ele respondeu:
- Bem lembro-me de estar a passar a estrada e reparar num insecto que estava no chão, e perguntei-me. Num Universo tão grande como este. Como se sente um Insecto?
Será que o Insecto pensa? Se calhar pensa. Mas o tamanho minusculo do corpo não o permite agir e lutar pelo que quer.
- E depois...
- Depois ouvi alguém gritar, olhei para o lado vi uma mão empurrar-me e senti algo pesado a passar por cima.
- Não viste ninguém? Quem era o dono dessa "mão"?
- Não sei. Mas deve tar pior que eu. Pela tua cara... Era algum velho?
- ...
- 'Tão porque não respondes? Eu conhecia o velho?
- ...não era um velho...
- Quem foi? Está no Hospital?
- Foi o Bruno... Morreu.

Nisto com um olhar penetrante Ele olhou para Sofia.
Bruno era um grande amigo, com ele tinha tido algumas discussões, mas sempre se deram bem.
Ultimamente andavam chatiados não se sabia bem porquê. Mas tudo dava a entender que andavam um pouco fartos um do outro.

- Como "Morreu"? É impossivel! Ele tinha uma saúde como eu sempre desejei, fazia todo o exercicio que queria os pais pagavam ginásios e tudo o que queria. E Morre assim? Como os outros morrem?
- Parece que Deus não distingue as pessoas... Quando ele chama, só podemos responder à sua chamada.
- Devia ter morrido eu... Afinal eu questiono tanto este Deus, faço perguntas que são consideradas pecados. E quando chega a hora em que podia entrar nas eliminatórias da entrada do céu. Vai outro em vez de mim. Um outro que dá a vida por mim.
- Não vale a pena pensares nisso. Deixa... Não podes alterar nada, tu próprio dizes isso com a tua teoria da Causalidade.
- Isto não é Causalidade. Eu nunca falo de Morte nas minhas teorias. A Morte é demasiado relativa para eu pensar muito nela. E de mim, sabes alguma coisa? Não sinto as pernas. Quando é que posso sair daqui para ir levar o caixão do Bruno?
- aah... Tu não sabes?
- Não sabes o quê?
- Nada... esquece.
- Se começaste termina!
- Não sei se deva...
- Já!
- Ok... Vais ficar preso a uma cadeira de rodas...

Ele paralizou. Imaginou uma ponte... uma estrada... uma árvore... um fio de cabelo... e enquanto olhava para aqueles objectos... Todos se partiam. A ponte partiu-se deixando todos os carros no rio.
A estrada partiu ao meio deixando tudo no abismo. A árvore partiu-se matando todos os pássaros que nela viviam. E o fio de cabelo partiu. Fazendo um barulho quase imperceptivel. Que Ele ouviu como um berro.
Nisto voltou a si. E viu mais gente à volta da cama perguntando o que se passava.
Mas ele virou-se para e eles e gritou:
- VÃO SE TODOS FODER! EU QUERO ANDAR! PREFERIA MORRER!

Nisto olha para Sofia que com um olhar desaprovador o fez sentir-se pequeno.
Ele pensou logo no Bruno. Afinal não queria assim tanto morrer. Ele queria ver aquelas caras dos amigos mais uma vez.

3 dias depois foi o funeral do Bruno.
Todos os amigos apareceram naquele funeral, todos vestidos de preto a olhar para aquele buraco que se abria que ia engolir o corpo de um Herói que deu a vida por Ele.

Ninguém dizia, mas todos viam nele, o culpado pela morte de Bruno.
A mãe de Bruno não cumprimetou Ele, e o pai apenas lhe deu um aperto de mãos sem trocar uma única palavra.

No dia a seguir os amigos foram a casa de Ele e perguntaram se ele estava bem e se precisava de alguma coisa.
Ele disse que não, e por volta das 6 horas todos foram embora.
Todos, excepto Sofia.
Sofia durante o dia mal tinha falado, e tinha um olhar muito distante.
Ele sabia porquê. Há algum tempo tinha-se falado que o Bruno e ela tinham um caso, algo que não admitiam, mas que era evidente.

Após todos terem ido embora, na sua cadeira de rodas Ele dirigiu-se ao sofá onde estava sentada Sofia. Ele disse logo:
- Sofia, eu sei que estás a sofrer muito... e também sei que tinhas um caso com o Bruno.
Sofia olhou para ele e começou a chorar, afinal ela era a mais forte do grupo e não verteu lágrimas durante aqueles dias tão fortes.

Ele apenas disse:
- Chora o que quiseres, as minhas mangas limparão toda a água que os teus olhos verterem.
Nisto ela vira-se e diz:
- Como tu já entendeste, todos te culpam pela morte do Bruno. Tu sabes como eles são... gostam de rir connosco... gastar dinheiro em lojas connosco... mas quando duvidam de alguma intenção ou interpretam algo mal. Não são como tu que pensa e pensa. Até perceber. Não dizem nada.
Mas metem-te numa cruz. Uma cruz feita de desejos maus para ti. Dizem coisas como "tiveste o que mereceste".
Já sabes que eles nunca gostaram da forma como tu pensas, achavam-te estranho.
E não te admires se eles te deixaram de visitar.

Ele começou a chorar... o que ele achava correcto, elevar o nosso pensamento ao mais alto nivel.
Mostrava-se inútil. Que lhe servia pensar, sem os amigos que tinha?
Sentiu um nó na garganta como vontade de dizer algo que não sabia o que era.
E sentiu também um punhado no coração a dizer: «Morreste, mas a alma do Bruno já tá no céu. E a tua vai pagar pela merda que fizeste.»

Nesse momento virou-se para a Sofia.
E perguntou-lhe:
- Que queres que faça, para tu nunca me deixares.
E Sofia, com um olhar brilhante das lágrimas que se preparavam para conhecer aquela face rosada, disse:
- Não penses tanto.

Sem saber o que estava a dizer, Ele não hesitou:
- Ok, juro que não vou pensar tanto!
- Ainda bem, agora só mais uma coisa...
- Fala...
- Não penses que por estares preso a essa cadeira não podes viver a tua vida.
- Tu sabias do meu sonho...
- E sei. Querias pertencer a uma banda... Eu lembro-me de tu dizeres isso quando ainda eras novo.
- ...
- Não desistas! Podes tocar sentado.
- ... Sentado? Já viste algum vocalista a cantar sentado? Já viste algum gajo a tocar baixo ou guitarra sentado num concerto?
- Já...
- Mas tu sabes a minha onda, eu quero por o público a saltar! Quero mostrar que a minha felicidade é passada para os outros em forma de música.
- Voz, guitarra, baixo... Não te esqueces de ninguém?
- Ham?
- Bateria! Eles costumam estar sentados.
- Ó, mal sei tocar bateira...
- Tu sempre aprendeste as coisas que querias sozinho.
- Não tenho bateria...
- Arranja-se... O meu irmão é mais velho que nós 10 anos. E quando era da nossa idade teve uma bateria. Está lá para casa cheia de pó na garagem, mas podes ir para lá.
- Ok. Mas agora habituar-me a sair de casa preso a 2 rodas, vai ser complicado.
- Pede ajuda aos vizinhos, é para isso que servem.
- ...
- Por isso está combinado, amanhã vais a minha casa. Ainda sabes onde fica?
- Sei. Fica ao lado da casa do Cebola, do Azevedo não é?
- Exacto. E olha que o Cebola têm uma banda em construção. Com sorte, ele anda lá por casa, e ensina-te umas coisas.
- Vá tenho de ir. E com um beijo na testa d'Ele. E pegando rapidamente nos seus pertences foi-se embora.

No dia seguinte, Ele atrasou-se 1 hora e meia, mas lá consegui chegar a casa da Sofia.
Sofia ao vê-lo perguntou sem hesitar:
- Porque te atrasaste tanto?
- Se soubesses o quanto complicado é andar preso a duas rodas por Lisboa. Percebias-me...
- Ok. Olha o Cebola está cá em casa.
- Como assim? Ele não tem vida própria?
- Têm. - respondeu ela a rir - Mas eu pedi-lhe para ele vir ver-te. E ensinar-te algumas coisas.
- Ok. Mas eu não quero cá que o andes a "engraxar" para ele dizer que toco bem. Já te conheço.
- 'Tá bem, 'tá bem... Vem mas é para dentro.

Ele nunca tinha chegado a entrar nesta casa, era uma vivenda grande e parecia antiga. Por momentos lembrou-se do Ramalhete que Eça tão bem descrevia.

- Este é o Cebola. - introduziu Sofia.
- Então meu 'tá se bem?
Ele ficou escandalizado. Tinha conhecido o Cebola nos tempos do 7º ano e passados estes anos.
Tinha um Punk á frente. Uma crista exagerada em que parte dela estava pintada de roxo.
Uma camisola a dizer em letras grandes: DIZ NÃO AO RACISMO!
E nas costas a dizer: O HITLLER JÁ MORREU!

Tinha umas botas azuis, tipicas dos pescadores, e uns calções cheios de palavras escritas onde se podia ler: Amo-te escrito com várias grafias diferentes (diferentes raparigas), e entre os amo-te's lá se encontravam uns ANARCKY IN THE UK e outros a dizer RAMONES.

Ele cumprimentou Cebola e rapidamente perguntou a Sofia onde estava a bateria.
Sofia não sabia, mas Ele não dormiu nessa noite. Pegou em tachos e panelas como um míudo de 5 anos. E com duas canetas batia neles tentado fazer um som.
Um som que fosse bonito.
E tentou isto durante toda a noite.
Neste momento, a única cosia que precisava para saber tocar bateria, era ter uma á frente.

Ele esperava uma bateria cheia de pó, talvez até bastante danificada.
Mas não.
Quando entrou naquela garagem junto com Sofia e Cebola.
Presenciou uma bateria linda.
Era bastante grande e ele já se sentia pequeno antes de ir para o lugar que lhe iria pertencer.
Estava limpa porque pelos vistos, a criada limpava-a todas as semanas.

Nisto o Cebola olhou para Ele e disse:
- Vá puto, mostra-me o que vales!

Ele foi lentamente para o pé daquela bateria gigante que parecia o crer comer, aquela bateria parecia o Adamastor que Camões descrevia nos Lúsiadas.
Mas para um Adamastor é preciso um bom 'tuga. E lá isso Ele era.

Ele pega nas baquetas. E olhou Cebola que estava distraido apreciando a garagem.
Ele pensou para consigo.
É a minha opurtunidade. Tenho de conseguir mostrar a este Punk doido que sou bom.
E á Sofia também.
Respirando fundo, como um último respiro neste planeta.
Uma respiração que pareceu demorar anos. Sentiu os seus pulmões a contrairem e expelirem todo o Dióxido de Carbono que tinham.

Nisto num breve despertar, bate 3 vezes nos pratos com a baqueta direita.
E deu-lhe gás!
A uma velocidade inexplicável variava ritmos. Cebola ficou espantando. E Sofia começou a olhar para Ele com uns olhos diferentes.
Um olhar que em tempos remotos pertencia a Bruno.

Ele tocou, tocou, tocou, tocou.
Até que parou.
Estava cansado, e ainda não tinha recuperado totalmente desde que viera do Hospital.

Nisto Cebola com um olhar que demonstrava que esteve atento disse:
- Tu não és bom...
Sofia olhou com muita tristeza para Ele.
E Ele baixou a cabeça. Parecia que se esforçava. Tentava e tudo lhe saia ao contrário. Já estava a começar a agarrar nas rodas para ir embora.
Quando Cebola, que parecia não ter concluido o raciocinio exclamou:
- És de longe, a melhor cena que ouvi até agora men!

Sofia esboçou um sorriso que Cebola não notou, e Ele ficou feliz.
É tão bom quando alguém reconhece o valor dum ser vivo que se esforça em algo.

Cebola falou logo na banda:
- Bem, vou ver se te consigo meter já na minha banda, que agora andam muitas bandas por aqui.
Tu tens um estilo bastante hardcore, mas não há problema algum. O meu grupo é dum Punk que já gosta duns valentes berros. Amanhã passa aqui e vais conhecer a banda. O baixista é o Chips (batatas fritas), o guitarrista é o Jay, o vocalista sou e o baterista és tu! Como queres ser conhecido?
- Nem acredito nisto! - disse Ele contente. - Por mim posso ser conhecido de qualquer forma... Posso ser o L.
- L. O'kapa. L soa bem. Amanhã ensaio da banda ás 10 horas.
- Lá estarei. Bem, tenho mesmo de ir. Fica bem Cebola... - e chegando os lábios perto de Sofia, diz numa voz que Cebola não ouviu. - Amo-te, és a rapariga que me voltou a dar força para correr.
- Também te amo então - disse Sofia rindo - no final do ensaio, se quiseres passa por cá.

No dia seguinte, L (deve ler-se EL) apareceu mais cedo em casa de Cebola. De forma que achou por bem, ir visitar Sofia.
Quando bateu á porta. Sofia foi imediatamente abrir.
Apareceu com uma toalha á volta do corpo.
E deixou L entrar. L ao entrar reparou que não se sentia nenhum som naquela casa e perguntou:
- 'tás sozinha?
Ao que ela respondeu:
- 'Tou. Bem, vou só me vestir e já te venho fazer companhia.
L dirigiu-se para a sala e olhou para o relógio. Era ainda mais cedo do que pensava. Ainda eram 9 e meia. Parecia que já se tinha habituado ás rodas.
2 minutos depois Sofia desce e senta-se no sofá.
E pergunta-lhe:
- Então porque vieste até aqui?
- Bem... Venho por causa do ensaio da banda, mas também porque gosto de ti. Afinal sem a tua ajuda nunca teria conseguido esta grande oportunidade.
- Não sejas parvo. Era óbvio que tu ias conseguir mais tarde ou mais cedo entrar numa banda.
- Sabes uma coisa. Amo-te mesmo.
- Eu também.
- Mas tu não entendes... Eu amo-te mesmo.
- Eu também.
Nisto L olha para Sofia e pergunta-lhe queres curtir comigo?

- Eu não "curto". Se amo é para amar e o meu amor deve ser dado a quem o merecer. Foi por isso que nunca andei oficialmente com o Bruno. Ele queria "curtir" e eu ia na onda dele. Mas para quê essas cenas? Se gostamos mesmo um do outro andamos e já está!
- E tu gostas de mim?
- Mas tens dúvidas?
- Então... como é que heide dizer...
- Fogo. Se não fosse o facto de gostar tanto de ti não fazia isto. Tens de ser mais confiante.

E num beijo os lábios de ambos uniram-se. Neste momento L sentiu a necessidade de poder ganhar força nas pernas. Mas isso era impossivel. Por isso ficou pelo beijo.

Algum tempo depois o beijo terminou. E L disse que nunca ninguem o tinha beijado tão bem.
Sofia corou. Mas sabia que os poucos namorados que tivera sempre gabaram a sua forma de beijar.

Nisto L olha para o relógio.
- Já são quase 10! Vou embora.

E dando-lhe um beijo, este mais rápido. Terminou olhando-a nos olhos dizendo:
- Amo-te. Prefiro um beijo teu. Que força nas minhas pernas.
E partiu.

No ensaio tudo correu bem.
A banda aceitou-o bem. E embora no inicio o Chips tenha dito ao Cebola que a Editora não ia aceitar a banda dum deficiente para editar um álbum.
No final percebeu que se as editoras o ouvissem. Até iriam lutar por ele.



9 anos depois.


Estavam os «Freakin'Legs» a tocar num grande festival em Madrid. Quando L diz do palco:
- Esta música, é a unica música romântica que um grupo de punk como nós escreveu. Foi escrita por mim. E é dedicada a alguém que amo. Sofia! Amo-te! Se gostavas de casar com um punk de cadeira de rodas. Salta aqui para cima. Porque não me dá jeito saltar ai para baixo... Ainda parto uma perna - gargalhada total.
Nisto os espanhóis começaram a bater palmas. E Sofia agora mais velha, com um peito maior, e uma pele muito mais macia aparecia ao lado de L e disse para o micro:
- É claro que aceito! Quem dera a muitos normais serem tão perfeitos como tu!


FIM

HH- por vezes existem histórias que merecem finais felizes...

PS -Por Favor, não discriminem ninguém, ninguem merece isso, todos nós fazemos parte desta obra extensa de Deus. Só temos de nos amar uns aos outros. Que interessa como és por fora?
O que importa é saber quando é que mostras a garra e vontade de vencer como o L mostrou.
Abraços aqueles que me amam como sou...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

4º Conto - I. S. N. (Imitadores Sem Nome)

Pi-Pi-Pi-Pi-Pi-Pi
*tchik*
-AHAHHHHHAAAAA-(bocejo extenso)
*esfregar os olhos e olhar bem para as horas*
-FONIX, JÁ SÃO 7 E MEIA!

É assim na casa de muitos jovens (incluindo a minha), mas nesta casa - não é nada desta forma.

Truz, Truz...
- Posso filha?
- ...
- Filhaaa, está na hora de acordares.
- Só mais um bocadinhoo...
- Não pode ser... Já és uma mulher feita, não queres que esteja aqui a chatiar-me contigo para te levantares.
- Ok, fogo és mesmo chata.
- Vá despacha-te.

Esta história é sobre uma filha.
Uma filha da Moral e dos Bons Costumes, uma filha que não parte um prato. Um afilha que não sabe o sabor do pecado e vive sem saber como é o Mal.

Ela era muito ignorante, não sabia nada sobre Drogas, Alcool, Tabaco, Sexo... Tudo o que fosse considerado pecado, ela não fazia a minima ideia de como se processava.

Na escola era a melhor aluna. A Educação que teve desde criança fazia com que estudasse muito, passava dias trancada em casa a rever frases ditas por professores.
A responder a perguntas nos livros que tem em respostas nos textos ateriores a essas mesmas perguntas.

Era a tipica boa aluna. Usava aparelho dentário, óculos e já era demasiado alta para a idade.
Era muito bonita, uns olhos verdes como que uma floresta pronta ser descoberta, um cabelo loiro que nos dava vontade de o agarrarmos com força e beijarmos aqueles lábios carnudos (que eram um pouco feios devido ao aparelho que ela usava).

Viveu assim, até ao dia em que conheceu uma rapariga pequena que se metia com qualquer rapaz e era conhecida por "comer os miudos", essa rapariga aparentava ter o mesmo estilo de pessoa fina, embora não fosse rica, mas aparentava viver na luxúria e ter tudo o que queria. Adorava, sempre que podia, mostrar que tinha posses.

Mas era mentira, não tinha.
Tudo isto aconteceu quando todos nós eramos novos.

Hoje, crescemos.
Elas tomaram caminhos diferentes do meu. Até ao momento que voltam a cruzar o meu caminho.

Não acreditava no que via. Aqueles dentes preenchidos por uns brackets esquesitos, estavam agora numa dentição branca e os dentes tão direitos que pareciam ter sido desenhados por um Deus. Já não usava óculos, provavelmente começou a adoptar lentes de contacto e o facto de ser alta quando éramos novos, parecia nunca ter existido. Tinha agora o tamanho normal.

Fiquei fascinado com esta visão, nunca pensei que alguém mudasse tanto.
Parecia que tinha deitado todos os defeitos fora. E investido nas qualidades.

Apenas uma pequena coisa me irritava - auqle miuda que já era conhecida por comer os outros miudos - estava ali, agora já não "comia miudos".
Acho que a palavra pega é bastante discritiva.

Quando percebi que os nossos futuros se tinham cruzado, e nos metiam tão perto um do outro.
Corri para ela.

Bastante envergonhado perguntei:
- Então... por aqui?
E ela olhou me de alto a baixo, com um olhar inocente misturado com vaidade. E num ligeiro click disse:
- És tu! Pensei que tinhas estudado pelos lados da História! Que fazes aqui? És jornalista?
Com um ar bastante vermelho, como continuando a acreditar no que via, respondeu encavacado:
- Náa. Sou um mero Fotógrafo.
- Mero? Que vocabulário para um fotógrafo - disse ela rindo - fica sabendo que os fotógrafos são os mais importantes num jornal. 10% das pessoas leem o jornal duma ponta á outra, 20% lê apenas os textos que acha que vão contribuir para o seu conhecimento do Mundo. Os outros 70% são preguiçosos ou burros e não leem nada. Olham para as fotos. Mas o mais giro é que percebem tanto as noticias como quem as leu.
- Tanta matemática já estou todo trocado...
- Loool. É normal. Estudei muita matemática antes de perceber que gostava mais do nosso abedecedário.
- É giro termos nos encontrado aqui, mas que faz a tua amiga aqui?

Olhando para trás viu a sua amiga falando com um estagiário com um ar sedutor e mostrando a perfeita perna que tinha por baixo da sua pequena mini-saia.

- Ela também veio para Jornalismo comigo e por estranho que pareça andámos sempre juntas.
- Que coincidência...
- Na realidade, eu sei que era ela que tentava andar sempre atrás de mim. Afinal os meus pais morreram e agora tenho bastante dinheiro. Mas eu gosto dela e ela nunca me iria fazer mal. Bem hoje só vim conhecer o local de trabalho, amanha falamos melhor.

E com uma contracção nos olhos tipica dum japonês abandonou a sala. Tendo de esperar um pouco pela sua amiga que queria á força toda combinar um encontro na mesma noite com o rapaz.

Eu estava estranho. Ter assim uma aparição. Estava com a cara de parvo que fazia quando em novo pensava numa aula de filosofia.
Fui para casa e deitei me ao lado da minha mulher.
Tinhamos casado á pouco, mas um problema atormentava a nossa cabeça - a minha mulher por uma causa esquisita que nunca entendi, não podia ter filhos.

Eu até gostava dela, mas naqueles momentos as nossas vidas eram vivdas em conjunto apenas na hora de dormir (só mesmo a dormir).

No dia seguinte encontrei-me de novo com a filha.
Disse-lhe um "Olá" timido e fui beber um café.
Nisto o director aparece e diz:
- Rápido! Tu - apontando para mim - e tu (apontando para a filha) vão rápido para o Centro Comercial, um homem entrou numa loja de brinquedos e fez as crianças que lá estavam refens.
- O quê? - perguntei eu.
- Não há tempos para q's nem meio q's. Vê mas é se consegues umas boas fotos como sabes fazer.

Rapidamente vesti o casaco preto e fui cm a filha a correr para o meu carro.
Lá partimos nós a 240 km/h. Conduzi a uma velocidade que nunca tinha experimentado. Muito bom mesmo. A adrenalina a correr pelas veias todas, o coração a bater mais depressa, a cabeça a latejar pois não consegue captar tanto acontecimento no exterior.
Como era de esperar muito rapidamente chegámos ao local.

A filha nunca tinha pensado que eu conduzi-se a uma velocidade destas e gabou-me a vontade de fazer o meu trabalho dizendo esta frase:
- Fogo, tu tens tomates...
Nunca pensava ouvir isto duma boca tão bonita como a dela. Mas não me importei.

Naquele momento já estavamos no centro eu munido da minha máquina. E ela munida da sua caneta e papel saltámos para a frente de ataque. Falámos com alguns populares e pais de algumas das crianças para perceber o que se passava.
Nisto ouve-se um tiro.

A minha cabeça virou-se de sobressalto para saber o que tinha acontecido e um policia vinha ferido, com um braço todo ensaguentado.
Nisto aparece o criminoso á porta com uma criança numa mão.
E gritava:
- Já sei que não vou escapar daqui vivo, mas não heide ir sozinho.

Com a sua arma apontava á cabeça da criança que chorava freneticamente.
Começou a andar e as pessoas afastavam-se a seu mando, pois não queriam ver a morte daquela criancinha inocente.
Olho para o lado e vejo a minha "jornalista" a escrever á velocidade da luz. E pensei num raciocinio lento:
Se tirar uma foto da posição em que estou, vou ter provavelmente um grande aumento. Ele dirige-se a mim. É a minha opurtinadade. Mas por outro lado se tirar a foto, a luz da máquina assustará o criminoso e sem querer ele pode disparar na criança. Que faço? Não poss ficar aqui quieto.

Nisto a passos largos o criminosos dirigia-se para mim.

Quem sou eu? Um fotógrafo? O que é uma boa foto? A criança pode morrer! Mas se não fizer nada a criança continuará nas mãos do criminoso. ÀAAAA 'tou a dar em doido!
'Tou me a cagar p'á's fotos.

Com um movimento rápido atirou a sua máquina para o chão e saltou na direcção do criminoso.
Neste movimento rápido conseguiu com uma mão puxar a criança e com a outra desviar o cano da arma, que lhe disparou e lhe acertou em cheio no pé.
Quando o criminoso dá por si. Já estava no meio da polícia com a arma caida e a crianaç do outro lado ao pé de mim com o pé coberto de sangue.

Após ver tanto sangue e sabendo que tinha falta de açucar no sangue. Desmaiei.

Via tudo escuro e ouvia vozes lá no fundo. Quando abro os olhos parecia que tinha vindo do profundo sono durante uma semana e vejo a filha sentada ao meu lado.
A primeira coisa que pergunto é:
- Quantos dias tive a dormir?

Ao que ela com os olhos quase em lágrimas responde:
- 6 Horas...
- Só? Pareceram semanas!
Ela ria com as lágrimas a deslizarem por aquela face tão limpa.
No instante a seguir ela diz:
- Tive tanto medo de te perder...
- Eish... Medo? Mas perdia-se alguma cosia assim tão boa?
- Parvo.
E num beijo doce os lábios dela foram ao encontro dos dele. Ele achou aquela sensação tão estranha, afinal ele tinha mulher.

Nisto aparece o médico que com um "aclaramento de voz", aquele tipico ahm ahm interrompeu aquele momento tão intimo.
Ela ficou bastante envergonhada e sentou-se rapidamente no seu lugar.

O médico começou a falar e disse que na realidade o tiro no pé tinha sido apenas de raspão e que o desmaio foi devido ao facto do açucar no sangue dele ser tão baixo e mais alguns factores que ficaram por perceber. Mas segundo o médico uma noite de Amor seria boa para ele recuperar.

Já estava a começar a noite. E a filha fez questão em ser ela a conduzir. Eu ia meio a dormir no carro, quando de repente abro os olhos. E estava num descampado. Olhei para o lado e não vi ninguém. Meio coxo sai do carro.
E vi deitada em cima do capot a observar as estrelas, a filha...
Com um olhar sedutor disse-me deita-te aqui, e procura as estrelas. O futuro está escrito nelas, queres que te leia o teu?
Eu não acreditava naquelas coisas das estrelas mas lá me deitei e olhei. Para mim eram só estrelas. Pontos luminosos do céu. Como é que alguém via ali o futuro?
Nisto viro-me para ela e pergunto:
- Que vês no meu futuro?

Nisto ela olha para o céu e diz:
-Bem aquela estrela diz que vais conhecer alguém que já não vias á muito. A que estão ao lado diz que vais ter um azar grave... Mas a de cima diz que não há problema porque em troca vais ter uma grande recompensa e diz que a direita sabe qual é a recompensa.
- Qual é? Deixaste me curioso.
- Ah. Estas estrelas são umas porcas. Mas pronto se elas dizem eu faço.
- Ham?
- Fecha os olhos e sente.

(Por motivos éticos, e inexperiência do escritor, estes momentos não vão ser descritos... peço a vossa sincera compreensão)

No outro dia cheguei ao trabalho e estava bastante feliz.
Quando vejo a filha vou em direcção a ela para a beijar como tanto me estava a apetecer desde o momento em que nos despedimos á porta de minha casa.

Quando chego ao pé dela para a beijar. Ela desvia a cara.
E sem reparar na minha inteção. Enquanto tirava um café diz:
- Espero que não tenha significado nada para ti. Afinal só fizemos aquilo poruqe o médico dise que precisavas de Amor e a tua mulher tem ar de quem não mete nada "em pé" a um homem.

Nisto algo me assombrou. Senti-me num fundo preto em que palavras a dizer fraco eram escritas perto da minha cabeça. Ouvia na minha mente gritos a dizer és um falhado.
Tive uma vontade de lhe bater, de gritar.

Neste momento olho para o lado e vejo aquela "amiga que comia os meninos" a beijar o pobre do rapaz que ás 2 dias andava a engatar e pensei:

As pessoas são assim. Um reflexo das pessoas com que se dão. Uma filha do Luxo não é boa pessoa por viver no Luxo ou por ter tido uma boa e honesta educação.
Elá foi o fruto das pessoas com que se deu e fez inconscientemente o que amiga faz.
E assim termina o mair conto. Sobre imitadores que se imitam sem saber e que o nome não é importante, porque serão sempre imitadores.

HH - o homem que escreve contos mais trabalhados

PS. Basiei-me numa pessoa para escrever isto. O facto de conhecer o que hoje se chama wannabe's inspirou-me. Se leram isto até ao fim, merecem conhecer me na realidade para vos dar um sincero abraço...

domingo, 13 de abril de 2008

3º Conto - Um Sonhador Chamado Carlos

Carlos era o nome dele.
Um rapaz que lutava para mostrar ao Mundo que a Liberdade era atingível.

Um rapaz que sonhava saltar cada vez mais alto... Que desafiava as Leis da gravidade com saltos que poderiam tornar-se no último salto duma vida.

Um rapaz que todos os dias. Se levantava e pensava como qualquer rapaz da idade dele.
"Tenho de estudar mais!", "Quero ser alguém importante quando crescer!", "Tenho de sair com os amigos!"...

Tudo nele era normal.
Mas dentro do cabedal dum rapaz que pratica tantos desafios, existia um sonhador.

Alguém com vontade de mudar o Mundo com as próprias mãos. De escrever teses, teorias, editar livros, liderar movimentos activistas.

Parar o Terrorismo, parar com a discriminação e tentar diminuir a fome nesse Mundo fora.

Um rapaz que muito novo explicava teorias em aulas de quimica a um simples amigo.

Teorias sobre a Liberdade que ele tanto defendia. Sobre as dúvidas divinas que tinha. Sobre o que era uma alma. Discussões sobre o que é uma Anarquia. Só boas discussões.

Estes dois amigos andaram pelo Liceu juntos.
Ambos decidiram seguir engenharia quimica, embora não tomassem atenção nas aulas devido a estarem ocupados com as suas discussões, ambos amavam a disciplina.

Ambos viam o Sol não como um ponto luminoso. Mas como uma fonte de Vida.
A Chuva para eles não era nada de grave que fizesse eles se zangarem. Era antes uma parte magnifica da Natureza. A mostrar que também chora através de fenómenos químicos.

Continuaram amigos e formaram-se.
Ambos conseguiram entrar na Polícia Judiciária junto com uma outra colega que também era amiga deles os dois.

Carlos e o seu amigo viveram grandes momentos de felicidade.
Até ao dia, em que deixaram de ser estagiários.

Aquele dia começou com uma grande festa feita na casa de Carlos, que já era casado e tinha duas filhas.
A festa perdurou pelo dia fora até noite.

O amigo de Carlos já tinha bebido demais, mas queria ir para casa.
Nos últimos dias o amigo de Carlos, andava triste. Embora tivesse acabado o estágio, sentia-se frustrado por não ter conseguido um caso com uma mulher que tivesse qualidade para formar uma família. Sentia-se sozinho, andava branco como a mármore, com uns olhinhos de quem não comia bem, tinha tudo o que sonhava até então - ninguém a controlar e um emprego ligado à quimica. Mas sentia-se vazio.

Já bêbado saiu da casa de Carlos, Carlos sentiu algo dentro de si inexplicável, como que um sinal de um anjo a dizer que algo estava prestes a acontecer. Mas acabou por ir para a cama descansar.

No dia seguir, Carlos acorda e liga a televisão.
Era uma noticia de última hora.
Tinham encontrado um Homem morto de forma estranha. Tinha tido um acidente de carro, mas tudo indicava que não tinha sido um mero despiste.
Dentro do carro, estava estava um homem com um dedo cortado e um papel.

Quando o camera-men filmou mais de perto o acidente. Carlos não teve dúvidas, aquele era o seu amigo!
Não acreditando no que via, gritava como que na esperança de estar a sonhar e aquilo não passar dum gigantesco e horrendo pesadelo, mas não era tudo bem feito demais.

Tinha de enfrentar isto, o seu amigo morreu...

Mas Carlos sentiu que se pertencia á Policia Judiciária. Haveria de descobrir quem tinha feito com que este acidente se tivesse dado.

E pôs mãos à obra. Os conhecimentos que tinha na policia já eram suficientemente viáveis para ele conseguir ficar com um caso.
E ficou.

Foi a correr para o local, e viu as pernas do seu amigo desfeitas devido ao acidente.
Mas a sua maior curiosidade era ver aquele papel.

Quando conseguiu pegar no papel.
Não acreditava no que via.
O papel dizia:

Amigos verdadeiros há poucos nesta vida,
Mais que procure é dificil de encontrar,
O que eu queria era apenas ser alguém que merecesse 10 m para viver
-
Tu conseguiste,
Eu não...
Imagino que este papel te tenha chegado ás mãos
Realmente tu podias não ser mais esperto que eu
Mas eras melhor
Amanha entenderás este papel
Ou hoje se fores quem eu quero que leia este papel
Era horrendo verificar que tão bonitas palavras foram escritas com o próprio sangue.
Mas nada se podia fazer, Carlos percebia que a vida não voltava atrás e existiam milhares de coisas mal feitas, mas tudo servia para aprendermos algo.

Qual seria a ideia de escrever um texto destes?

Foi rápido de chegar á conclusão que tinha sido um suicidio.
Era demasiado lógico, o timing perfeito para escrever o papel e morrer.
Um final triste, que foi premeditado.
Carlos não pode fazer mais nada no caso. Mas conseguiu ficar em segredo com o papel. Substituindo-o por uma cópia na PJ.
Os dias passaram, meses, décadas...
Carlos já tinha 70 anos. Era rico e já via os netos a darem os primeiros passos.
E sentiu uma curiosidade de pegar naquele papel que durante tanto tmepo pegara todos os dias.
Qual o seu significado?
Para que servia?
E percebeu.
Um dia.
No 10º ano, eles tinham discutido formas de passar códigos nos textos.
E um dos códigos era juntar a primeira letra de cada frase.
Olhou de repente para o papel:
Am
Ma
O q
-
Tu
Eu
Ima
Rea
Mas
Ama
Ou
Num som mudo, disse as palavras: "Amo-te Irmão"
E mais uma vez percebeu que nada era feito por acaso, a morte.
Tinha sido apenas a demonstração de Amor que ele não sabia a quem dar.
Quem não melhor que um Irmão sempre pronto a ouvir umas parvoices?
Quem melhor que uma alma desconhecida? Que também tem um blog?
HH - hoje estava mesmo com vontade de escrever.
PS - O Carlos existe... e este texto é dedicado a ele.