Carlos era o nome dele.
Um rapaz que lutava para mostrar ao Mundo que a Liberdade era atingível.Um rapaz que sonhava saltar cada vez mais alto... Que desafiava as Leis da gravidade com saltos que poderiam tornar-se no último salto duma vida.
Um rapaz que todos os dias. Se levantava e pensava como qualquer rapaz da idade dele.
"Tenho de estudar mais!", "Quero ser alguém importante quando crescer!", "Tenho de sair com os amigos!"...
Tudo nele era normal.
Mas dentro do cabedal dum rapaz que pratica tantos desafios, existia um sonhador.
Alguém com vontade de mudar o Mundo com as próprias mãos. De escrever teses, teorias, editar livros, liderar movimentos activistas.
Parar o Terrorismo, parar com a discriminação e tentar diminuir a fome nesse Mundo fora.
Um rapaz que muito novo explicava teorias em aulas de quimica a um simples amigo.
Teorias sobre a Liberdade que ele tanto defendia. Sobre as dúvidas divinas que tinha. Sobre o que era uma alma. Discussões sobre o que é uma Anarquia. Só boas discussões.
Estes dois amigos andaram pelo Liceu juntos.
Ambos decidiram seguir engenharia quimica, embora não tomassem atenção nas aulas devido a estarem ocupados com as suas discussões, ambos amavam a disciplina.
Ambos viam o Sol não como um ponto luminoso. Mas como uma fonte de Vida.
A Chuva para eles não era nada de grave que fizesse eles se zangarem. Era antes uma parte magnifica da Natureza. A mostrar que também chora através de fenómenos químicos.
Continuaram amigos e formaram-se.
Ambos conseguiram entrar na Polícia Judiciária junto com uma outra colega que também era amiga deles os dois.
Carlos e o seu amigo viveram grandes momentos de felicidade.
Até ao dia, em que deixaram de ser estagiários.
Aquele dia começou com uma grande festa feita na casa de Carlos, que já era casado e tinha duas filhas.
A festa perdurou pelo dia fora até noite.
O amigo de Carlos já tinha bebido demais, mas queria ir para casa.
Nos últimos dias o amigo de Carlos, andava triste. Embora tivesse acabado o estágio, sentia-se frustrado por não ter conseguido um caso com uma mulher que tivesse qualidade para formar uma família. Sentia-se sozinho, andava branco como a mármore, com uns olhinhos de quem não comia bem, tinha tudo o que sonhava até então - ninguém a controlar e um emprego ligado à quimica. Mas sentia-se vazio.
Já bêbado saiu da casa de Carlos, Carlos sentiu algo dentro de si inexplicável, como que um sinal de um anjo a dizer que algo estava prestes a acontecer. Mas acabou por ir para a cama descansar.
No dia seguir, Carlos acorda e liga a televisão.
Era uma noticia de última hora.
Tinham encontrado um Homem morto de forma estranha. Tinha tido um acidente de carro, mas tudo indicava que não tinha sido um mero despiste.
Dentro do carro, estava estava um homem com um dedo cortado e um papel.
Quando o camera-men filmou mais de perto o acidente. Carlos não teve dúvidas, aquele era o seu amigo!
Não acreditando no que via, gritava como que na esperança de estar a sonhar e aquilo não passar dum gigantesco e horrendo pesadelo, mas não era tudo bem feito demais.
Tinha de enfrentar isto, o seu amigo morreu...
Mas Carlos sentiu que se pertencia á Policia Judiciária. Haveria de descobrir quem tinha feito com que este acidente se tivesse dado.
E pôs mãos à obra. Os conhecimentos que tinha na policia já eram suficientemente viáveis para ele conseguir ficar com um caso.
E ficou.
Foi a correr para o local, e viu as pernas do seu amigo desfeitas devido ao acidente.
Mas a sua maior curiosidade era ver aquele papel.
Quando conseguiu pegar no papel.
Não acreditava no que via.
O papel dizia:Amigos verdadeiros há poucos nesta vida,
Mais que procure é dificil de encontrar,
O que eu queria era apenas ser alguém que merecesse 10 m para viver
-
Tu conseguiste,
Eu não...
Imagino que este papel te tenha chegado ás mãos
Realmente tu podias não ser mais esperto que eu
Mas eras melhor
Amanha entenderás este papel
Ou hoje se fores quem eu quero que leia este papel
Era horrendo verificar que tão bonitas palavras foram escritas com o próprio sangue.
Mas nada se podia fazer, Carlos percebia que a vida não voltava atrás e existiam milhares de coisas mal feitas, mas tudo servia para aprendermos algo.
Qual seria a ideia de escrever um texto destes?
Foi rápido de chegar á conclusão que tinha sido um suicidio.
Era demasiado lógico, o timing perfeito para escrever o papel e morrer.
Um final triste, que foi premeditado.
Carlos não pode fazer mais nada no caso. Mas conseguiu ficar em segredo com o papel. Substituindo-o por uma cópia na PJ.
Os dias passaram, meses, décadas...
Carlos já tinha 70 anos. Era rico e já via os netos a darem os primeiros passos.
E sentiu uma curiosidade de pegar naquele papel que durante tanto tmepo pegara todos os dias.
Qual o seu significado?
Para que servia?
E percebeu.
Um dia.
No 10º ano, eles tinham discutido formas de passar códigos nos textos.
E um dos códigos era juntar a primeira letra de cada frase.
Olhou de repente para o papel:
Am
Ma
O q
-
Tu
Eu
Ima
Rea
Mas
Ama
Ou
Num som mudo, disse as palavras: "Amo-te Irmão"
E mais uma vez percebeu que nada era feito por acaso, a morte.
Tinha sido apenas a demonstração de Amor que ele não sabia a quem dar.
Quem não melhor que um Irmão sempre pronto a ouvir umas parvoices?
Quem melhor que uma alma desconhecida? Que também tem um blog?
HH - hoje estava mesmo com vontade de escrever.
PS - O Carlos existe... e este texto é dedicado a ele.
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