sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sujo, medonho, escondido
Vontade em extinção e forças perdidas
Um chão desarrumado com as memórias puras do coração
Folhas vagueiam neste chão nojento
Com restos dos seres que por aí habitaram
Que se alimentaram em tempos das palavras
expressões e sentimentos de tais memórias

Seres obrigados a uma abstinência tal
Que a realidade não entendeu
fiquei eu sozinho
a dissecar a verdade como um aparelho respiratório dum suíno
a procurar o nexo das coisas
e esquecendo as minhas coisas

mal alimentado
mal lavado
com menos vontade de entender

continuo
agachado como um Tarzan à procura de entendimento por parte dos macacos
um primata que não se acha superior no percurso extenso da evolução

continuo
não sei em que sentido
procurando a janela com o vidro partido
para partir o resto e escapar
quero a chave de todas as portas

quero as luzes da humanidade abertas
quero perceber-me enquanto homem
e não enquanto indivíduo

não quero ser uma cara na multidão
uma cara que é um número

para ser um número
mais vale não existir
mais valia não ter evoluido
e somente aproveitar as minhas necessidades básicas

satisfazer-me no sexo puro, procurar por uma alimentação que me saciasse
e por água para consumir

mas não
eu não sou isso
eu sou alguém muito superior

com um corpo igual a tantos outros
com as capacidades ditas normais
mas com finalidades tais
que tenho potencial para mudar-me a mim próprio e ao percurso da Humanidade

mas enquanto for visto como mais um
vou mudar-me a mim sozinho

vou mexer nos meus mecanismos
fazer as ligações quimicas, eléctricas e magnéticas
manipular o meu corpo e modificá-lo
como um boneco de plástico
sendo mais ágil, mais rápido e mais resistente

a minha mente também eu manipularei
alterando-a no sentido de ver o que está além do visivél
e aceitar que as unicas coisas que têm de ser feitas
são as que eu quero

viver menos dependente
viver na minha sujidade pessoal chega

eu me limparei quando o achar necessário
me organizarei somente quando não encontrar as minhas próprias leis
me lavarei apenas quando achar que a água pode ser suja

até lá
vivo assim
imundo
como um porco

mas puro por dentro
porque nesta sociedade de sorrisos fotográficos
de atitudes imitadas
de estereótipos concebidos por ancestrais

eu não quero fazer parte
quero um mundo diferente
se Pessoa quer o 5º império
eu quero o sexto
o sétimo e o oitavo se for preciso

é preciso mudar!
não é preciso telhados novos e novas janelas
é preciso destruir as casas
pegar fogo ás madeiras
destruir os tijolos
e criar tudo de novo

numa sociedade em que a razão será dominadora
pois a razão já domina sem ninguém se aperceber
numa sociedade em que todos seremos iguais
sem diferenças

todos com direitos iguais
todos a fazerem o que querem dentro das mesmas regalias

porque eu ter direito a mais ou a menos que os outros?
Se cremos num Deus Pai
não deveriamos ser irmãos
e receber todos a mesma herança?

Se Deus não diz quem são os favoritos, quem somos nós para os escolher?

Mas o Deus deste império actual
é feito de papel rectangular

Papel de diferentes cores
quase como diferentes anjos
em que diferentes cores dão diferentes poderes

Porquê este estilo de vida?
Em que nada evoluímos?

Porquê não algo mais interior
E mais verdadeiro?

Porquê a devoção? e não a fama partilhada?

Porque a fé por algo superior e não a fé em nós próprios?

Porque a estupidez plástica dos modernos tempos? E não a pureza que eu tanto anseio.

Não sei responder.
Mas se todos quiserem
Tal como manipulamos a verdade transformando-a na mentira
Tal como manipulamos o mundo para o caos actual

Também podiamos manipular a resposta pura
destas infindáveis questões

HH - Feio, mas puro