quarta-feira, 16 de abril de 2008

5º Conto - Um Deficiente Perfeito

Tudo começa num planeta, mais especificamente, o nosso planeta.
Aquele onde 90% das histórias começam. Aquele em que todas as histórias começam. Um planeta tão simples. Mas por vezes tão mal tratado...

Irreal.
Era assim que Ele classificava esta bola que nem chega a ser redonda, que temos de pisar todos os dias.

Ele pensava em tudo, mas quanto mais respostas tinha, mais perguntas surgiam.
Era a pessoa que mais questionava. Todos os dias arranjava uma pergunta nova.
Perguntava o porquê de as pessoas se chatiarem por Amor, o porque de se ficar triste quando se tem uma nota má, o porque da forma como as pessoas falam umas com as outras e a forma como se relacionavam.

Era conhecido por não ter sentimentos. Nada lhe fazia confusão, achava tudo normal e tentava explicar o mundo com a lógica. Com a Causalidade. Para Ele o Mundo era um extenso dominó, onde todas as peças estão de pé. E quando há uma vibração na mesa.
Todas caiem umas a seguir ás outras.

Mas as pessoas diziam-lhe que não se devia pensar assim. Ele não gostava de ser contrariado, e embora a quantidade de perguntas que ele fazia, era simples pará-lo. Dizer-lhe um "CALA-TE, que já não te posso ouvir." Chegava para ele parar. Mas todos sabiam que um dia, ele iria perguntar o porquê do "não te posso ouvir."

Até que um dia, ele ia a passar pela rua muito bem com os seus amigos.
Riam, das piadas que Ele dizia. Pois ele tinha um sentido de humor em que sarcasmos ditos através daqueles dentes, eram gargalhadas garantidas.

Riam tanto, algumas amigas contraiam-se de tanto rir e até já havia uma que chorava.

Ele estava com uma cara de quem não sabe o que está a fazer, porque não percebia o motivo de tanto graça.

Nisto, passam pelo meio duma estrada.
Quando ainda estavam a esgotar os últimos soluços e gargalhadas, ouve-se um camião a passar.

Ele estava no meio da estrada e parecia distraído, uma rapariga gritou. Mas Ele estava a pensar em algo.

As pessoas não criam acreditar no que estavam a ver. Como era possível, alguém não sentir um camião?
Bruno, um dos rapazes que estava no grupo de amigos. Foi o único que conseguiu reagir.
Enquanto gritava, corria para empurrar o amigo.

Tudo isto parecia acontecer numa velocidade lenta.
Ele a olhar para o chão a pensar, o camião a dirigir-se e Bruno a correr em direcção ao amigo que podia perder.

Algumas amigas viraram a cara como que na esperança de não ver nada que as choca-se.
Nisto ouve-se o barulho de um pescoço partir.
Sangue. Gritos. Lágrimas. Ninguém percebia o que tinha acontecido, mas tanto sangue só significava uma coisa.
Um deles morreu.

Todos pensaram ser Ele. Afinal ele estava na estrada.
Mas será que o Bruno está bem?

Nisto já se tinham chamado as ambulâncias, quando os amigos ganharam coragem.
Foram espreitar.
E viram dois corpos no chão.
Sangue nos dois.
E ambos pareciam inconscientes.

Nisto uma das raparigas pertencente ao grupo, a Sofia perguntava informações sobre o que tinha acontecido, mas ninguém conseguia dizer nada.

Então nisto todos os amigos foram para o Hospital.

Ficaram lá até muito tarde e parecia que não havia informações.
Uma enorme tortura, era feita a estes amigos, que queriam saber pelo menos se alguém está bem.

Até que um médico com um ar triste, disse para o grupo de amigos:
- Tenho muita pena mas... - hesitava como que a deixar o grupo adivinhar o que viria a seguir na sua frase. - O Bruno Morreu.

Nisto os amigos sentaram-se todos em conjunto, as mais sensíveis começaram logo a chorar gritando as tipicas frases "Porquê?", "Ele era tão novo!", "Deus não existe!", "Isto é uma injustiça!".

Nisto a Sofia (uma das mais fortes emocionalmente do grupo) perguntou ao médico qual era o estado de saúde de Ele, afinal ninguém tinha dado informações a esse respeito.

Nisto o médico, ficando também ele perturbado com o facto de dar só más noticias a um grupo de jovens tão simpáticos, disse:
- Também tentámos muito, mas pelo que nos parece Ele vai ficar preso a uma cadeira de rodas para o resto da vida. - Novo choro em coro, parecia que num só dia que tinha sido tão divertido, em que o grupo andou sempre junto, se tornava num pesadelo infernal.
E o médico continuava mesmo sabendo que não estava a ser ouvido:
- A roda passou-lhe por cima da espinal medula e parte do corpo está imobilizada. Em príncipio nunca mais poderá mexer as pernas.

O Mundo estava virado do avesso para estes jovens... Um amigo morto e outro numa cadeira de rodas para o resto da vida.

Há dias que o simples facto de nos levantarmos da cama, é um feito cheio de Terror.

No dia a seguir todos vestidos de cores escuras foram visitar o único sobrevivente.
Lá estava Ele, ainda sem saber bem o que tinha acontecido.
E perguntou o que se passou.

Sofia chegou ao pé dele e perguntou-lhe:
- Que te lembras tu?
Ele respondeu:
- Bem lembro-me de estar a passar a estrada e reparar num insecto que estava no chão, e perguntei-me. Num Universo tão grande como este. Como se sente um Insecto?
Será que o Insecto pensa? Se calhar pensa. Mas o tamanho minusculo do corpo não o permite agir e lutar pelo que quer.
- E depois...
- Depois ouvi alguém gritar, olhei para o lado vi uma mão empurrar-me e senti algo pesado a passar por cima.
- Não viste ninguém? Quem era o dono dessa "mão"?
- Não sei. Mas deve tar pior que eu. Pela tua cara... Era algum velho?
- ...
- 'Tão porque não respondes? Eu conhecia o velho?
- ...não era um velho...
- Quem foi? Está no Hospital?
- Foi o Bruno... Morreu.

Nisto com um olhar penetrante Ele olhou para Sofia.
Bruno era um grande amigo, com ele tinha tido algumas discussões, mas sempre se deram bem.
Ultimamente andavam chatiados não se sabia bem porquê. Mas tudo dava a entender que andavam um pouco fartos um do outro.

- Como "Morreu"? É impossivel! Ele tinha uma saúde como eu sempre desejei, fazia todo o exercicio que queria os pais pagavam ginásios e tudo o que queria. E Morre assim? Como os outros morrem?
- Parece que Deus não distingue as pessoas... Quando ele chama, só podemos responder à sua chamada.
- Devia ter morrido eu... Afinal eu questiono tanto este Deus, faço perguntas que são consideradas pecados. E quando chega a hora em que podia entrar nas eliminatórias da entrada do céu. Vai outro em vez de mim. Um outro que dá a vida por mim.
- Não vale a pena pensares nisso. Deixa... Não podes alterar nada, tu próprio dizes isso com a tua teoria da Causalidade.
- Isto não é Causalidade. Eu nunca falo de Morte nas minhas teorias. A Morte é demasiado relativa para eu pensar muito nela. E de mim, sabes alguma coisa? Não sinto as pernas. Quando é que posso sair daqui para ir levar o caixão do Bruno?
- aah... Tu não sabes?
- Não sabes o quê?
- Nada... esquece.
- Se começaste termina!
- Não sei se deva...
- Já!
- Ok... Vais ficar preso a uma cadeira de rodas...

Ele paralizou. Imaginou uma ponte... uma estrada... uma árvore... um fio de cabelo... e enquanto olhava para aqueles objectos... Todos se partiam. A ponte partiu-se deixando todos os carros no rio.
A estrada partiu ao meio deixando tudo no abismo. A árvore partiu-se matando todos os pássaros que nela viviam. E o fio de cabelo partiu. Fazendo um barulho quase imperceptivel. Que Ele ouviu como um berro.
Nisto voltou a si. E viu mais gente à volta da cama perguntando o que se passava.
Mas ele virou-se para e eles e gritou:
- VÃO SE TODOS FODER! EU QUERO ANDAR! PREFERIA MORRER!

Nisto olha para Sofia que com um olhar desaprovador o fez sentir-se pequeno.
Ele pensou logo no Bruno. Afinal não queria assim tanto morrer. Ele queria ver aquelas caras dos amigos mais uma vez.

3 dias depois foi o funeral do Bruno.
Todos os amigos apareceram naquele funeral, todos vestidos de preto a olhar para aquele buraco que se abria que ia engolir o corpo de um Herói que deu a vida por Ele.

Ninguém dizia, mas todos viam nele, o culpado pela morte de Bruno.
A mãe de Bruno não cumprimetou Ele, e o pai apenas lhe deu um aperto de mãos sem trocar uma única palavra.

No dia a seguir os amigos foram a casa de Ele e perguntaram se ele estava bem e se precisava de alguma coisa.
Ele disse que não, e por volta das 6 horas todos foram embora.
Todos, excepto Sofia.
Sofia durante o dia mal tinha falado, e tinha um olhar muito distante.
Ele sabia porquê. Há algum tempo tinha-se falado que o Bruno e ela tinham um caso, algo que não admitiam, mas que era evidente.

Após todos terem ido embora, na sua cadeira de rodas Ele dirigiu-se ao sofá onde estava sentada Sofia. Ele disse logo:
- Sofia, eu sei que estás a sofrer muito... e também sei que tinhas um caso com o Bruno.
Sofia olhou para ele e começou a chorar, afinal ela era a mais forte do grupo e não verteu lágrimas durante aqueles dias tão fortes.

Ele apenas disse:
- Chora o que quiseres, as minhas mangas limparão toda a água que os teus olhos verterem.
Nisto ela vira-se e diz:
- Como tu já entendeste, todos te culpam pela morte do Bruno. Tu sabes como eles são... gostam de rir connosco... gastar dinheiro em lojas connosco... mas quando duvidam de alguma intenção ou interpretam algo mal. Não são como tu que pensa e pensa. Até perceber. Não dizem nada.
Mas metem-te numa cruz. Uma cruz feita de desejos maus para ti. Dizem coisas como "tiveste o que mereceste".
Já sabes que eles nunca gostaram da forma como tu pensas, achavam-te estranho.
E não te admires se eles te deixaram de visitar.

Ele começou a chorar... o que ele achava correcto, elevar o nosso pensamento ao mais alto nivel.
Mostrava-se inútil. Que lhe servia pensar, sem os amigos que tinha?
Sentiu um nó na garganta como vontade de dizer algo que não sabia o que era.
E sentiu também um punhado no coração a dizer: «Morreste, mas a alma do Bruno já tá no céu. E a tua vai pagar pela merda que fizeste.»

Nesse momento virou-se para a Sofia.
E perguntou-lhe:
- Que queres que faça, para tu nunca me deixares.
E Sofia, com um olhar brilhante das lágrimas que se preparavam para conhecer aquela face rosada, disse:
- Não penses tanto.

Sem saber o que estava a dizer, Ele não hesitou:
- Ok, juro que não vou pensar tanto!
- Ainda bem, agora só mais uma coisa...
- Fala...
- Não penses que por estares preso a essa cadeira não podes viver a tua vida.
- Tu sabias do meu sonho...
- E sei. Querias pertencer a uma banda... Eu lembro-me de tu dizeres isso quando ainda eras novo.
- ...
- Não desistas! Podes tocar sentado.
- ... Sentado? Já viste algum vocalista a cantar sentado? Já viste algum gajo a tocar baixo ou guitarra sentado num concerto?
- Já...
- Mas tu sabes a minha onda, eu quero por o público a saltar! Quero mostrar que a minha felicidade é passada para os outros em forma de música.
- Voz, guitarra, baixo... Não te esqueces de ninguém?
- Ham?
- Bateria! Eles costumam estar sentados.
- Ó, mal sei tocar bateira...
- Tu sempre aprendeste as coisas que querias sozinho.
- Não tenho bateria...
- Arranja-se... O meu irmão é mais velho que nós 10 anos. E quando era da nossa idade teve uma bateria. Está lá para casa cheia de pó na garagem, mas podes ir para lá.
- Ok. Mas agora habituar-me a sair de casa preso a 2 rodas, vai ser complicado.
- Pede ajuda aos vizinhos, é para isso que servem.
- ...
- Por isso está combinado, amanhã vais a minha casa. Ainda sabes onde fica?
- Sei. Fica ao lado da casa do Cebola, do Azevedo não é?
- Exacto. E olha que o Cebola têm uma banda em construção. Com sorte, ele anda lá por casa, e ensina-te umas coisas.
- Vá tenho de ir. E com um beijo na testa d'Ele. E pegando rapidamente nos seus pertences foi-se embora.

No dia seguinte, Ele atrasou-se 1 hora e meia, mas lá consegui chegar a casa da Sofia.
Sofia ao vê-lo perguntou sem hesitar:
- Porque te atrasaste tanto?
- Se soubesses o quanto complicado é andar preso a duas rodas por Lisboa. Percebias-me...
- Ok. Olha o Cebola está cá em casa.
- Como assim? Ele não tem vida própria?
- Têm. - respondeu ela a rir - Mas eu pedi-lhe para ele vir ver-te. E ensinar-te algumas coisas.
- Ok. Mas eu não quero cá que o andes a "engraxar" para ele dizer que toco bem. Já te conheço.
- 'Tá bem, 'tá bem... Vem mas é para dentro.

Ele nunca tinha chegado a entrar nesta casa, era uma vivenda grande e parecia antiga. Por momentos lembrou-se do Ramalhete que Eça tão bem descrevia.

- Este é o Cebola. - introduziu Sofia.
- Então meu 'tá se bem?
Ele ficou escandalizado. Tinha conhecido o Cebola nos tempos do 7º ano e passados estes anos.
Tinha um Punk á frente. Uma crista exagerada em que parte dela estava pintada de roxo.
Uma camisola a dizer em letras grandes: DIZ NÃO AO RACISMO!
E nas costas a dizer: O HITLLER JÁ MORREU!

Tinha umas botas azuis, tipicas dos pescadores, e uns calções cheios de palavras escritas onde se podia ler: Amo-te escrito com várias grafias diferentes (diferentes raparigas), e entre os amo-te's lá se encontravam uns ANARCKY IN THE UK e outros a dizer RAMONES.

Ele cumprimentou Cebola e rapidamente perguntou a Sofia onde estava a bateria.
Sofia não sabia, mas Ele não dormiu nessa noite. Pegou em tachos e panelas como um míudo de 5 anos. E com duas canetas batia neles tentado fazer um som.
Um som que fosse bonito.
E tentou isto durante toda a noite.
Neste momento, a única cosia que precisava para saber tocar bateria, era ter uma á frente.

Ele esperava uma bateria cheia de pó, talvez até bastante danificada.
Mas não.
Quando entrou naquela garagem junto com Sofia e Cebola.
Presenciou uma bateria linda.
Era bastante grande e ele já se sentia pequeno antes de ir para o lugar que lhe iria pertencer.
Estava limpa porque pelos vistos, a criada limpava-a todas as semanas.

Nisto o Cebola olhou para Ele e disse:
- Vá puto, mostra-me o que vales!

Ele foi lentamente para o pé daquela bateria gigante que parecia o crer comer, aquela bateria parecia o Adamastor que Camões descrevia nos Lúsiadas.
Mas para um Adamastor é preciso um bom 'tuga. E lá isso Ele era.

Ele pega nas baquetas. E olhou Cebola que estava distraido apreciando a garagem.
Ele pensou para consigo.
É a minha opurtunidade. Tenho de conseguir mostrar a este Punk doido que sou bom.
E á Sofia também.
Respirando fundo, como um último respiro neste planeta.
Uma respiração que pareceu demorar anos. Sentiu os seus pulmões a contrairem e expelirem todo o Dióxido de Carbono que tinham.

Nisto num breve despertar, bate 3 vezes nos pratos com a baqueta direita.
E deu-lhe gás!
A uma velocidade inexplicável variava ritmos. Cebola ficou espantando. E Sofia começou a olhar para Ele com uns olhos diferentes.
Um olhar que em tempos remotos pertencia a Bruno.

Ele tocou, tocou, tocou, tocou.
Até que parou.
Estava cansado, e ainda não tinha recuperado totalmente desde que viera do Hospital.

Nisto Cebola com um olhar que demonstrava que esteve atento disse:
- Tu não és bom...
Sofia olhou com muita tristeza para Ele.
E Ele baixou a cabeça. Parecia que se esforçava. Tentava e tudo lhe saia ao contrário. Já estava a começar a agarrar nas rodas para ir embora.
Quando Cebola, que parecia não ter concluido o raciocinio exclamou:
- És de longe, a melhor cena que ouvi até agora men!

Sofia esboçou um sorriso que Cebola não notou, e Ele ficou feliz.
É tão bom quando alguém reconhece o valor dum ser vivo que se esforça em algo.

Cebola falou logo na banda:
- Bem, vou ver se te consigo meter já na minha banda, que agora andam muitas bandas por aqui.
Tu tens um estilo bastante hardcore, mas não há problema algum. O meu grupo é dum Punk que já gosta duns valentes berros. Amanhã passa aqui e vais conhecer a banda. O baixista é o Chips (batatas fritas), o guitarrista é o Jay, o vocalista sou e o baterista és tu! Como queres ser conhecido?
- Nem acredito nisto! - disse Ele contente. - Por mim posso ser conhecido de qualquer forma... Posso ser o L.
- L. O'kapa. L soa bem. Amanhã ensaio da banda ás 10 horas.
- Lá estarei. Bem, tenho mesmo de ir. Fica bem Cebola... - e chegando os lábios perto de Sofia, diz numa voz que Cebola não ouviu. - Amo-te, és a rapariga que me voltou a dar força para correr.
- Também te amo então - disse Sofia rindo - no final do ensaio, se quiseres passa por cá.

No dia seguinte, L (deve ler-se EL) apareceu mais cedo em casa de Cebola. De forma que achou por bem, ir visitar Sofia.
Quando bateu á porta. Sofia foi imediatamente abrir.
Apareceu com uma toalha á volta do corpo.
E deixou L entrar. L ao entrar reparou que não se sentia nenhum som naquela casa e perguntou:
- 'tás sozinha?
Ao que ela respondeu:
- 'Tou. Bem, vou só me vestir e já te venho fazer companhia.
L dirigiu-se para a sala e olhou para o relógio. Era ainda mais cedo do que pensava. Ainda eram 9 e meia. Parecia que já se tinha habituado ás rodas.
2 minutos depois Sofia desce e senta-se no sofá.
E pergunta-lhe:
- Então porque vieste até aqui?
- Bem... Venho por causa do ensaio da banda, mas também porque gosto de ti. Afinal sem a tua ajuda nunca teria conseguido esta grande oportunidade.
- Não sejas parvo. Era óbvio que tu ias conseguir mais tarde ou mais cedo entrar numa banda.
- Sabes uma coisa. Amo-te mesmo.
- Eu também.
- Mas tu não entendes... Eu amo-te mesmo.
- Eu também.
Nisto L olha para Sofia e pergunta-lhe queres curtir comigo?

- Eu não "curto". Se amo é para amar e o meu amor deve ser dado a quem o merecer. Foi por isso que nunca andei oficialmente com o Bruno. Ele queria "curtir" e eu ia na onda dele. Mas para quê essas cenas? Se gostamos mesmo um do outro andamos e já está!
- E tu gostas de mim?
- Mas tens dúvidas?
- Então... como é que heide dizer...
- Fogo. Se não fosse o facto de gostar tanto de ti não fazia isto. Tens de ser mais confiante.

E num beijo os lábios de ambos uniram-se. Neste momento L sentiu a necessidade de poder ganhar força nas pernas. Mas isso era impossivel. Por isso ficou pelo beijo.

Algum tempo depois o beijo terminou. E L disse que nunca ninguem o tinha beijado tão bem.
Sofia corou. Mas sabia que os poucos namorados que tivera sempre gabaram a sua forma de beijar.

Nisto L olha para o relógio.
- Já são quase 10! Vou embora.

E dando-lhe um beijo, este mais rápido. Terminou olhando-a nos olhos dizendo:
- Amo-te. Prefiro um beijo teu. Que força nas minhas pernas.
E partiu.

No ensaio tudo correu bem.
A banda aceitou-o bem. E embora no inicio o Chips tenha dito ao Cebola que a Editora não ia aceitar a banda dum deficiente para editar um álbum.
No final percebeu que se as editoras o ouvissem. Até iriam lutar por ele.



9 anos depois.


Estavam os «Freakin'Legs» a tocar num grande festival em Madrid. Quando L diz do palco:
- Esta música, é a unica música romântica que um grupo de punk como nós escreveu. Foi escrita por mim. E é dedicada a alguém que amo. Sofia! Amo-te! Se gostavas de casar com um punk de cadeira de rodas. Salta aqui para cima. Porque não me dá jeito saltar ai para baixo... Ainda parto uma perna - gargalhada total.
Nisto os espanhóis começaram a bater palmas. E Sofia agora mais velha, com um peito maior, e uma pele muito mais macia aparecia ao lado de L e disse para o micro:
- É claro que aceito! Quem dera a muitos normais serem tão perfeitos como tu!


FIM

HH- por vezes existem histórias que merecem finais felizes...

PS -Por Favor, não discriminem ninguém, ninguem merece isso, todos nós fazemos parte desta obra extensa de Deus. Só temos de nos amar uns aos outros. Que interessa como és por fora?
O que importa é saber quando é que mostras a garra e vontade de vencer como o L mostrou.
Abraços aqueles que me amam como sou...

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